Pink Wicca

Não... Não estou aqui para criticar os wiccanos, porque já tem muita gente fazendo isso. A intenção deste artigo é trazer uma reflexão. 


A intolerância religiosa está em grande destaque nas mídias atualmente. O que é lastimável. É de se indignar que a altura de 2017 ainda tenhamos que sair às ruas para pedir o direito de expressar nosso sagrado.

Por que a prática do outro é tão incômoda a ponto de te levar a querer destruí-la? A ponto de fazer o outro ter que destruir seus objetos sagrados, como o caso do Rio de Janeiro? Esse é um extremo, mas um ponto dessa intolerância está presente em cada coração que diz "sua prática é errada". E isso não acontece só de fora, vindo de outras religiões, acontece dentro. 

Já participo de comunidade pagãs online há alguns bons anos e o que enxergo é uma guerra de verdades que tenho até tristeza de ver. Dentro do nosso Paganismo temos que enfrentar lutas com nossos próprios irmãos da Arte, porque "essa não é a forma correta de ser bruxo, pagão, wiccano"... 

E, falando por mim agora, como wiccana, você já é mal visto na comunidade pagã, porque sua religião é "de adolescente", "apenas porta de entrada", "não é tradicional","você aprendeu na internet", "sua avó não te iniciou"... E daí surge o termo PINK WICCA, ou a wicca dos óculos cor-de-rosa, onde tudo é luz e fadas.

Só pelo fato de você se denominar praticante da Wicca, já é associado a bruxinha boa, bruxinha sem conhecimento, bruxinha de revista. Só pelo fato de se dizer de uma vertente religiosa que é o começo da maioria dos bruxos e pagãos. Porém, é esquecido que essa vertente exige muito estudo, muita prática e muita vivência com os Deuses, como qualquer outra.

E é um absurdo que tenhamos que enfrentar essa discórdia dentro da Arte. Ao invés de estarmos unidos lutando pelo nosso direito de expor livremente nossa crença. De poder andar com nossos pentáculos/pentagramas sem ter medo, de poder ritualizar em público e poder expressar quem nós somos.

Apontar para a prática alheia é muito cômodo. Criticar sem conhecer, sem saber quanto de dedicação e estudo um praticante possui é muito fácil. Agora, ser atuante no cenário pagão é difícil. Ajudar quem quer prosseguir no caminho é difícil. Usar o tempo que está criticando um caminho que não é seu para ajudar uma causa social é difícil.

Pink Wicca? Bruxinha de incensos? Olhe para o trabalho para a comunidade.Olhe quantos estão sendo ajudados com incentivo, palavras e ações. Olhe para as horas de estudo e prática. Olhe o serviço para os Deuses. 

E você,intolerante, o que está fazendo?

Quero entrar na sua tradição

Uma coisa que eu venho pensando há algum tempo é nessa necessidade do jovem pagão de encontrar seu coven certo. E nisso há muita afobação e muitas vezes um encantamento prematuro com a primeira Tradição que é encontrada pela frente.

Eu já passei por isso quando era solitária. Se era Tradição eu já estava buscando várias coisas na internet sobre ela e uma vez até quis viajar para outro estado a fim de ingressar em um coven que mal conhecia. Acontece...


Mas depois que encontrei meu grupo e fomos formando laços de amizade, percebi meu grande erro naquela época. Uma Tradição ou um Coven é uma família espiritual. Isso mesmo: família. E não dá para você entrar numa família que conheceu ontem ou mal conhece todos os membros.

Você não casa com a primeira pessoa que diz que gostou de você sem ter uma maior afinidade. Você não assina um contrato com um sócio que viu atrás de uma tela, duas ou três vezes. Então por que quando se trata de espiritualidade isso é deixado para lá?

As redes sociais enganam muito. Uma pessoa pode fazer parecer que tem o melhor grupo do mundo e no fim serem apenas oportunistas tentando conseguir mais pessoas para serem exploradas.

Não quero assustar você com esse texto, mas sim gerar uma maior compreensão sobre o que é um Círculo, Coven ou Tradição, que são etapas de um grupo espiritual. No fim, não basta simpatizar com uma ou duas pessoas do grupo, é preciso conhecer e conhecer bem aquelas pessoas antes de realmente entrar para aquela família espiritual. 

O mesmo acontece quando alguém de fora quer entrar em um clã já estabelecido. Uma única pessoa com energia em discordância pode afetar todo o trabalho de uma reunião. Não só a nível energético, mas também a nível pessoal. Alguém mal intencionado pode gerar brigas e desavenças entre os demais participantes. 

Então, quando pedir para entrar em algum grupo, não fique triste se for solicitado que passe por algumas etapas antes, como encontros públicos ou confraternizações. Isso é uma medida de segurança para avaliar seu comprometimento e a harmonia entre você e os outros integrantes.

Da mesma forma, não se apresse para já se iniciar em algum coven. Conheça bem os sacerdotes responsáveis e avalie suas condutas não só no meio mágico, mas também como pessoa. Alguém pode ser um ótimo magista e um charlatão. Todo cuidado é pouco.

No fim, tudo que queremos é uma família unida, onde almas amigas se encontram, seja dessa ou de outras existência. Sempre visando o autoconhecimento e o crescimento de cada um do seu novo grupo. E, sobre tudo, buscando espalhar o amor aos Deuses para mais e mais pessoas que ouviram o Seu chamado.