Por que fazemos rituais?

Você já deve ter se perguntado qual a finalidade de juntar tantos objetos, cores, símbolos, roupas e acessórios para fazer uma única magia,não é? Além da explicação metafísica de gerar energia para o nosso desejo, o ato de ritualizar também é explicado pela psicologia. 

Segundo estudos psicológicos, nós possuímos duas partes mentais: a mente consciente e a mente inconsciente. A mente consciente é chamada de Self Discursivo e a mente inconsciente, por sua vez, recebe o nome de Self Mais Jovem.

O Self Discursivo é responsável por toda forma verbal (daí seu nome, "aquele que forma o discurso"), por associar regras e organizar todas as informações capturadas pelos Self Mais Jovem. Ele funciona através de: regras, números e síntese de informações.

O Self Mais Jovem, seria como uma criança de três anos. Ele funciona capturando sons, sensações, cores, símbolos e imagens. Ele é totalmente sensitivo e instintivo e entende bem das informações que pode capturar com os cinco sentidos.

Já deu para perceber que a comunicação entre esses dois não é das melhores! É como se um falasse mandarim e o outro alemão. Uma confusão só.

Para a Bruxaria, ainda existe um terceiro self, chamado de self profundo ou self deus. Essa é a parte que chamamos de espírito, alma, aquele que observa (segundo o Budismo) ou aquele que ouve (Segundo a Cabala). Essa parte é a fagulha divina em nós e é através dela que acessamos nosso poder de transformar a realidade.

O Self Profundo só consegue ser acessado por intermédio do Self Mais Jovem (a criança de três anos). Ele não entende de cálculos ou regras religiosas, e sim de símbolos, música, sensações e coisas que alegrem os sentidos.

Então, para fazer essa ponte entre o Self Mais Jovem, explicado pela psicologia, e o Self Profundo, parte divina em nós,segundo a Bruxaria, precisamos fazer uso da linguagem conhecida pelo Self Mais Jovem, como se precisássemos seduzi-lo e levá-lo para sair. 

Por isso fazemos uso de toda uma estrutura simbólica durante nossos rituais, a fim de que o Self Mais Jovem consiga capturar nossas sensações e emoções, passando o nosso desejo para ser concretizado pelo Self Deus. 

Saber disso não invalida a explicação mágica, que é o mover energético, mas dá para você uma ferramenta científica, baseada na psicologia, para explicar e entender melhor sua forma de praticar magia.

Referências:

• DANIELS, Estelle e TUITÉAN, Paul. Wicca Essencial. Ed. Pensamento. 2011.
• CABOT, Laurie. O poder da bruxa. Ed. Carnpu. 1989.
• STARHAWK. A dança cósmica das feiticeiras. Ed. Nova Era. 1979.
• http://alemdofisico.blogspot.com.br/2011/05/os-tres-selves-constituintes-do-ser.html




Bênçãos Brilhantes! 

Bailar Divino

Grande Deusa, Senhora de mil nomes,
Em tudo posso te achar, eu sei.
Mas olhei e olhei para fora
Mas somente dentro de mim te encontrei.
Grande Deus, Senhor dos Bosques e do Mundo Além,
Se não for você que dançar a vida,
Então não dançará ninguém.
E como mais poderia chamá-los
A não ser mãe e pai.
Se sem sua bênção
Nenhuma flor nasce
E nenhuma folha cai.
No dia de hoje, vamos romper o véu da ilusão.
O véu do medo e da separação,
Pois nós todos somos um só coração.
E é essa a batida
Que rege o pulsar da vida.
Em seu eterno bailar,
Brincando sem fim,
Encontro o que faz minha alma cantar,
Que é sentir vocês aqui em de mim.


Bênçãos Brilhates!

A dança com as Sombras

É curioso ver os novos adeptos chegando a Wicca ansiando pelo momento da iniciação. Como se aquele ritual fosse lhes dar a incrível capacidade de serem,então, reconhecidos e respeitados. Como se o único desafio que deveriam enfrentar seria o estudo e prática durante 13 lunações (ou um ano e um dia).E, chegado aquele grande dia, tudo seria festa, confete e vinho do porto.

Mas aquele dia mágico é apenas o começo de tudo, nunca um fim em si mesmo. Lembro bem do meu rito de iniciação, num dia por impulso cheguei e me apresentei para os Deuses e para as direções como bruxa. E assim foi.

Isso tem quase uma década.   

E posso dizer que o que recebi foi, sim, muita alegria e festa, mas também muita responsabilidade e muitos desafios, que são as curas que preciso operar em mim mesma. Hoje eu tenho a maturidade para reconhecer quais são as minhas sombras e dizer a elas "sejam bem-vindas" e nisso começar uma dança entre minha luz e minhas trevas em busca do equilíbrio. Sempre o equilíbrio.

Nossa religião não busca a morte do ego, nem a iluminação. Nossa religião busca a integração dos lados que mais gostamos com aqueles que queremos esconder e nisso nos tornarmos cada vez mais fortes. 

Mais uma vez eu dancei com minhas sombras. Vi um padrão que estava se repetindo e me deixei levar um tempo por ele. Eu o reconheci como um velho amigo e sabia o que ele buscava de mim. É como se eu voltasse naquele dia de epifania e esse velho amigo olhasse nos meus olhos e dissesse: "Você acredita na Deusa?". E a minha única resposta possível era: "Sim. Eu acredito".

Ser sacerdotisa é um serviço diário, é devotar nossa vida em honra dEla. Nem sempre vamos estar com vontade de celebrar o calendário pagão, nem sempre vamos estar com vontade de ouvir as histórias fantásticas de alguns iniciantes, nem sempre vamos estar com vontade de meditar. Nem sempre. 

Mas quando nos rendemos ao amor dos Deuses, recebemos muito mais do que poderíamos imaginar. E viver os nossos desafios se torna leve, pois sabemos que Ela está segurando nossa mão, mesmo que esteja em completo silêncio.

Então vamos dançar com nossas feras e dizer a cada luta, a cada cansaço, a cada tristeza e a cada dia: "Sim. Eu acredito na Deusa". 


Bênçãos Brilhantes!